quinta-feira, 26 de novembro de 2009

SISTEMA BRIC: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A CHINA E A RÚSSIA.

A sigla BRIC representa uma inovação no que tange à questão do desenvolvimento das relações entre países emergentes de altíssimo potencial econômico, industrial e energético com os países de primeiro mundo já altamente suficientes. Para uma vertente respeitável das ciências econômicas, a sigla BRIC tem como síntese a maior participação de países cuja expressão geográfica continental confunde-se com os seus respectivos desenvolvimentos econômico, militar e político. Entretanto, cabe salientar que a Rússia já vive a sua plenitude militar, apesar dos graves problemas sociais; o Brasil, apesar dos já conhecidos problemas na estrutura de poder, praticamente consolidou as suas instituições democráticas na estrutura política; e a Índia e a China, embora tenham obtido avanços nos determinados campos acima citados estão longe do desenvolvimento democrático e apenas respondem pela sua importante influência nos campos militar e econômico, bem como no caráter cultural.

Primeiramente, vou me ater da Rússia e da China nesta primeira parte do artigo BRIC.

A Rússia, primeira citada neste artigo, responde mais fortemente, no que tange à sua influência político-militar, perante os países do bloco desenvolvido devido ao seu passado ligado intrinsecamente à propagação cultural e ideológica da extinta União Soviética. Paralelo a essa afirmativa, temos também o reconhecido poder militar e político da antiga nação líder do socialismo no globo. Porém, em contrapartida, hoje a influência responde muito mais pela sua ainda poderosa indústria bélica e porque não, pelo seu ainda respeitável parque tecnológico bélico, apesar dos graves problemas sociais que o país atravessa. Essa cultura de desenvolvimento do estado em detrimento da sociedade faz parte de uma cultura política que já existe há séculos no país supra mencionado, ou seja, desenvolver a máquina de poder com os recursos econômicos e deixar a distribuição de renda para a sociedade civil em segundo plano. Mas isso, fazendo-se a devida justiça, não é herança apenas do regime czarista, mas também do marxismo-leninismo, ou melhor dizendo, da pseudo-revolução socialista que, embora tenha sanado alguns graves problemas sócio-econômicos deixados pelos czares, ainda sim aceitou a continuidade de um aparelho estatal autoritário e maniqueísta paralelo a um sistema de poder que simplesmente copiou o regime autocrático outrora vencido, principalmente na conjuntura stalinista que nada mais fez do que um capitalismo de estado, encapado pelos “ideais bolcheviques” que antes haviam sido propagados pelos baluartes da revolução, Lênin e Trotski. Ainda sim, voltando para a contemporaneidade, temos que admitir que o fim da URSS representou como conseqüência uma reconhecida e real subserviência ao capital euro-estadunidense, porém com uma ressalva, a de que a poderosa indústria bélica e o programa nuclear russos, ainda impõem respeito aos membros do capitalismo liberal euro-americano.

Quanto à China, vemos um crescente desenvolvimento do aparelho financeiro consubstanciado pela injeção de capitais ocidentais, em particular da Europa e dos Estados Unidos. Não obstante, vemos ainda uma tímida aproximação nipônica apesar do histórico pretérito de animosidades e agressões mútuas. Entretanto, não há nada mais judicioso de que a colaboração entre Japão e China será extremamente sadia não só para as duas potências como também para o continente como um todo, em especial para o grupo de países do sudeste e sul asiático, que necessitam em sua maioria de projetos de desenvolvimento nas extensões política, econômica e social. Vemos em particular que o governo chinês possui, principalmente no âmbito político, posições retrógradas e polêmicas para a atual conjuntura mundial. A política de contenção da natalidade é efetuada de maneira extremamente errada e irresponsável, pois, ao invés de existir um plano de contenção de natalidade eficaz e igualitário (no tocante ao gênero do cidadão), vemos um projeto que visa equivocadamente privilegiar o gênero masculino em detrimento ao feminino, como se a mulher da contemporânea realidade, mesmo na China, não fosse importante na construção do desenvolvimento do país nas suas mais completas estruturas. Ainda sim, mesmo com os atrasos já devidamente citados, a China como potência continental e ideológica terá um papel preponderante e contumaz na diversificação das lideranças políticas e econômicas que se apresentam no globo para os próximos cinqüenta anos.


BY RICARDO GUIMARÃES




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