A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, afirmou nesta quarta-feira, em Brasília, que o Brasil pode desempenhar um papel "estratégico" no sentido de "mudar" os objetivos nucleares do governo iraniano, segundo relatos de parlamentares que se reuniram com a chefe da diplomacia dos Estados Unidos.
De acordo com o deputado federal Maurício Rands (PT-PE), Hillary comentou as relações "amistosas" que o Brasil mantém com o Irã e disse que isso "facilitaria" o diálogo. "Ela quer que o Brasil colabore, dialogando com o Irã, para que o Irã mude a direção que vem tomando", disse o deputado.
Durante a visita de cerca de 30 minutos ao Congresso Nacional, a secretária de Estado americana conversou com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e o presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP). Outros parlamentares apenas acompanharam o encontro. "Ela disse que o Irã não somente está desenvolvendo armas nucleares visando a Israel como também procurando manter uma hegemonia em todo o Oriente Médio", disse Sarney. "Ela pediu colaboração na política de não-proliferação de armas, e eu tive a oportunidade de dizer que o Brasil é signatário de um tratado nesse sentido", acrescentou o presidente do Senado.
Honduras e Lula
Hillary também aproveitou a visita ao Congresso para pedir o reconhecimento brasileiro ao novo governo de Honduras, empossado no fim de janeiro. "Ela fez um apelo na questão de Honduras para que o governo que foi eleito, e está empenhado em resolver os problemas, seja reconhecido", disse o deputado Maurício Rands.
Na tarde desta quarta-feira, a secretária de Estado americana se reúne com o chanceler Celso Amorim e com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e a grande expectativa continua girando em torno da pressão que o governo americano deve fazer para que o Brasil apoie novas sanções ao Irã. Pela manhã, durante evento de lançamento do Portal Brasil, Lula disse que "não é prudente encostar o Irã na parede". "O Brasil tem que ter outro rumo. É prudente estabelecer negociações", afirmou o presidente. "O Irã tem o direito de desenvolver energia nuclear para fins pacíficos. Se quiser ir além, isso vai contra a Constituição brasileira, e não podemos concordar."
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