Sabemos que no mundo atual uma das maiores preocupações de pais, responsáveis e educadores em geral se desenvolve acerca de um problema que é comum na atual conjuntura e que vem se desenhando cada vez mais com faces diferentes e aperfeiçoadas: o acesso à internet e os seus mecanismos geradores de conflito e de invasão da privacidade alheia.
Especificamente com relação à temática apresentada na revista podemos observar alguns aspectos importantes e reveladores. Primeiramente, vemos a necessidade da afirmação que um cidadão gosta de exercer sobre o outro. Daí se oferece a ditadura dos valores determinados por àqueles que se julgam os mais fortes e eficazes na sua popularidade, objetivando obter o reconhecimento dos outros colegas como referencial do que é bom, bonito, interessante e que sirva como exemplo de um padrão que deve privilegiar os estereótipos ditos como os ideais. Podemos encontrar, então, um universo dicotômico que tem como preferencial o forte, o bonito, o inteligente, o comunicativo, o persuasivo e o descolado, em detrimento do gordo ou magricela, do feio, do ignorante (no sentido da inteligência), do insociável, do não convincente e do antiquado, respectivamente.
O bullying sempre foi uma realidade no processo educativo. Toda criança ou adolescente sofreu algum exemplo de bullying. E se podemos classificar quem é o agressor ou a vítima nessa situação, podemos perceber que em alguns casos, agressor vira vítima e vice-versa. O estereótipo do agressor, muitas vezes, um jovem que se julga superior pela aparência, condição social ou capacidade de interação ou identificação com as novas tendências, muitas vezes, pode se contrapor com as características da vítima. Em contrapartida, a vítima pode se utilizar da sua capacidade intelectual e da sua grande respeitabilidade perante o corpo docente para se vingar afirmando a sua condição de superioridade intelectual e de respeito até mesmo na sala de aula junto aos colegas de classe. O ideal, acredito, seria tentar achar uma solução para essa situação unindo nessa missão, educadores, pais ou responsáveis e próprios alunos. Até porque quando existe o consentimento do colega frente uma brincadeira, não se deve aumentar a polêmica. No processo social, a alcunha diversas vezes serviu para que o aluno identificasse os seus valores ou até mesmo uma condição futura, como a escolha da profissão e como um fator de correção para possíveis desvios comportamentais.
No tocante ao cyberbullying, o problema se agrava pelo pequeno grau de controle existente para essa prática. O agressor normalmente fica no anonimato, o que facilita as suas práticas de ataque virtual e auxilia no aperfeiçoamento das mesmas. Se no contato direto o agressor identifica apenas os estereótipos que realmente são visíveis, no contato indireto, o grau de desvirtuamento da realidade se torna demasiadamente evidente. A intensificação dos pontos ditos fracos das vítimas se consolidam, aonde o feio se torna mais feio ainda e as práticas, principalmente relacionadas às imagens do agredido, produzem o irreal, como no caso das famigeradas montagens.
Acredito que o ideal seja encontrar aparelhos mais eficazes que possam ser utilizados pelos pais ou responsáveis para identificar os exageros, mas em contrapartida permitir, dentro de um nível e equilíbrio das ações, a liberdade de expressão, aonde sejam permitidas as alcunhas, as brincadeiras e as práticas de interação tão necessárias para o convívio dos alunos.
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